O novo ensino médio no Brasil, conforme a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), é uma reformulação educacional que visa preparar os estudantes para a vida e para o mundo do trabalho, além de promover o desenvolvimento de competências e habilidades essenciais para a formação integral dos jovens. A nova estrutura curricular prevê maior flexibilidade e diversidade de percursos formativos, permitindo que os estudantes escolham suas áreas de interesse e se aprofundem nelas.
Uma das principais mudanças no novo ensino médio é a ampliação da carga horária de 2.400 para 3.000 horas, destas, devem ser 1.800 horas para Formação Geral Básica (60% do currículo) e, 1.200 horas para os Itinerários Formativos (40% do currículo). Com isso, acredita-se o aluno terá condições de aprofundar em disciplinas específicas e realizar atividades práticas e extracurriculares, como estágios, projetos de pesquisa, empreendedorismo e voluntariado.
Outra novidade é a flexibilização do currículo, que permitirá que os estudantes escolham entre cinco áreas de conhecimento: linguagens e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias, ciências humanas e sociais aplicadas, e formação técnica e profissional. Essa flexibilidade oferece aos estudantes a possibilidade de personalizar seu percurso formativo, escolhendo as disciplinas eletivas de acordo com suas aptidões e interesses.
Nesse sentido, o professor Célio Cunha, destaca a importância da flexibilização curricular para atender às demandas dos estudantes e do mercado de trabalho, mas também alerta para a necessidade de investimentos em formação de professores e infraestrutura.
Ademais, o novo ensino médio prevê a adoção de uma Base Nacional Comum Curricular, que estabelece as competências e habilidades que todos os estudantes devem desenvolver, independentemente do itinerário formativo escolhido. A BNCC define as competências gerais da educação básica, como a capacidade de comunicar-se efetivamente, o pensamento crítico e a resolução de problemas, e ainda as habilidades específicas de cada área do conhecimento.
Apesar das vantagens e avanços propostos pelo novo ensino médio no Brasil, conforme a BNCC, também existem alguns pontos nevrálgicos que devem ser considerados. Um dos principais desafios é a implementação efetiva da reforma em todas as escolas do país. O processo de adaptação e mudança pode ser complexo e demanda investimentos significativos em infraestrutura, formação de professores e aquisição de materiais didáticos adequados.
Para Maria Helena Guimarães de Castro, o novo ensino médio não pode ser uma promessa não cumprida. É preciso enfrentar a equação do financiamento, a equação da formação de professores, a equação da infraestrutura. Sem isso, o novo ensino médio se instaura como um grande projeto na cabeça dos gestores e dos professores, mas sem tradução, na prática.
É importante destacar, ainda, que o novo ensino médio tente a gerar sobrecarga de atividades para os estudantes, que precisam escolher seus itinerários formativos e disciplinas eletivas, além de participar de atividades extracurriculares e desenvolver as competências socioemocionais. Se não houver um planejamento adequado e uma organização efetiva com criticidade, a carga de trabalho pode se tornar excessiva e prejudicar o desempenho dos estudantes em sala de aula e fora dela.
Por fim, o novo ensino médio no Brasil, conforme a BNCC, representa um avanço significativo na educação brasileira, ao ampliar a carga horária, permitir a personalização do percurso formativo e incluir a formação integral do estudante como um objetivo fundamental.
No entanto, é preciso garantir que todas as escolas tenham condições para implementar a reforma e oferecer percursos formativos de qualidade aos estudantes, sendo necessário um esforço conjunto de governos, escolas, professores e comunidades para garantir que a implementação seja efetiva e que nossos estudantes possam se beneficiar das mudanças propostas.