A educação profissional tem demonstrado crescente mérito e imprescindibilidade no contexto brasileiro contemporâneo, na medida em que, ao oferecer capacitação técnica e formação qualificada aos indivíduos, assume papel fundamental no desenvolvimento econômico e social do país. Ao investir nessa modalidade educativa, a nação pode formar profissionais dotados de habilidades e competências específicas, capazes de alavancar a competitividade das empresas nacionais no mercado global, ampliando, por conseguinte, o fluxo de negociações internacionais.
Ademais, o incremento dos índices de desenvolvimento social é uma consequência inevitável de um ensino profissionalizante bem estruturado, tendo em vista que a capacitação técnica impulsiona a empregabilidade, a renda e, consequentemente, a qualidade de vida dos cidadãos. Neste sentido, a educação profissional se apresenta como um elemento crucial para o fortalecimento da economia e para o progresso social do Brasil.
Outrossim, deve-se assinalar que a educação profissional desponta como alternativa favorável para aqueles que almejam ingressar rapidamente no mercado de trabalho. Em um cenário no qual a procura por profissionais qualificados é crescente, detentores de uma formação técnica são detentores de elevadas possibilidades de obter colocação em empregos remunerados e com condições laborais satisfatórias. É de salutar, sobretudo, a pertinência desse fato em um país que carrega consigo índices alarmantes de desocupação, tal qual o Brasil.
De acordo com Luciano Mourão, um aspecto que merece destaque, do ponto de vista conceitual, é que a qualificação profissional envolve pelo menos três atores sociais: o governo, os trabalhadores e as empresas. Para o governo, a qualificação profissional representa uma forma de assegurar a produtividade e competitividade do país; para os trabalhadores, representa autonomia e autovalorização; e para as empresas a qualificação profissional está associada à própria sobrevivência e à produtividade e à qualidade dos produtos e serviços prestados.
O professor Francisco Aparecido Cordão, importante pesquisador na área de educação profissional, defende que a formação técnica é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico do país. Para Cordão, a educação profissional precisa ser vista como uma alternativa para o desenvolvimento de talentos e para a construção de carreiras profissionais sólidas e de sucesso. Ele enfatiza a importância da educação profissional para o desenvolvimento da economia, sendo basilar para o aumento da produtividade e para a competitividade das empresas. Investir em educação profissional é, portanto, um investimento estratégico para o país, pois esta contribui para a geração de empregos, o aumento da renda da população e o desenvolvimento sustentável global.
No cenário Brasil, é possível destacar, no âmbito público, a oferta de educação profissional em mais de 661 unidades, sendo estas vinculadas a 38 Institutos Federais, 02 Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefet), a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), a 22 escolas técnicas vinculadas às universidades federais e ao Colégio Pedro II. (fonte: mec.br/2019).
Contamos, ainda, com a educação profissional oferecida pela iniciativa privada, como no Sistema S, com destaque para o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), que há mais de sete décadas é o principal agente de educação profissional voltado para o Comércio de Bens, Serviços e Turismo do País. Hoje, está presente em mais de 1.800 municípios, de Norte a Sul do Brasil, e mantém infraestrutura de ponta composta por mais de 600 unidades escolares, empresas pedagógicas e unidades móveis. (fonte: senac.br)
Desde 1946, o Senac já realizou mais de 73 milhões de atendimentos por meio da rede física, das unidades móveis e da educação a distância. Apenas em 2022, foram 2 milhões de atendimentos, com 1,4 milhão de matrículas em educação profissional. Importante destacar que o Senac oferta vagas gratuitas a pessoas de baixa renda por meio do Programa Senac Gratuidade e outras iniciativas. (fonte: senac.br)
Nesse contexto, convém evidenciar o trabalho que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) realiza desde 1942, na formação profissional de mais de cinquenta milhões de profissionais. Atualmente, conta com mais de mil unidades operacionais móveis e fixas da instituição e recebem cerca de 3,4 milhões de matrículas em cerca de 3 mil cursos que preparam trabalhadores para 28 áreas industriais, sendo muitos desses gratuitos. (fonte: senai.br)
No entanto, é primordial o aprimoramento contínuo dos cursos de nível técnico e profissionalizante, até para acompanhar a própria evolução social, por meio de uma atualização curricular constante e alinhada às necessidades do mercado de trabalho e anseios sociais; ampliar parcerias com empresas e demais instituições para os estudantes terem acesso a estágios e programas de aprendizagem, que proporcionam a vivência prática e a possibilidade de aplicar o conhecimento teórico; valorização dos profissionais que atuam na educação profissional com oferta de formação continuada; como ainda o incentivo à pesquisa, por ser fundamental que a educação profissional esteja sempre atenta às novas tecnologias e possibilidades de inovação.
Sendo assim, a educação profissional emerge como elemento imprescindível para o desenvolvimento econômico e social de uma nação, por meio da formação de pessoas qualificadas e aptas para o exercício de atividades produtivas. Assume, pois, papel de destaque enquanto proporciona a inserção dos indivíduos no mercado de trabalho e, consequentemente, a geração de emprego e renda.
Então, ao ser orientada para as demandas e necessidades do setor produtivo, torna-se um agente capaz de fomentar o crescimento econômico, a competitividade empresarial e a redução da desigualdade social. Com efeito, a educação profissional deve ser percebida como instrumento essencial de política pública, com vistas a oferecer capacitação técnica e formação cidadã aos indivíduos, promovendo, assim, o progresso e o desenvolvimento sustentável do país.
Rosana Abutakka é Doutora e Mestra em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso.
Para saber mais: Educação Profissional Brasileira: Da colônia ao PNE 2014-2024. Autoras: Vanessa Guerra Caires e Maria Auxiliadora Monteiro Oliveira.