Se em momentos passados, num período caracterizado como analógico, a aprendizagem escolarizada se instituía por uma demarcação de tempo e espaço definidos, sendo a escola ou universidade o local limitante para o aprender, o livro didático concebido como artefato unilateral de informações e o professor caracterizado como o sujeito apto a oferecer o conhecimento, na atualidade, essa situação tem se modificado de modo gradativo e expressivo, tendo em vista as circunstâncias advindas do enredo digital.
Por intermédio das tecnologias atuais, novos espaços, artefatos e circunstâncias para a aprendizagem vêm sendo desenvolvidas e ampliadas, para além da cisão imposta pelas paredes de uma sala de aula. Isso reverbera na concepção de uma outra lógica de aprendizagem, na qual o aprender pode ser caracterizado por ação processual que transcende, que flui pelas redes digitais, numa dinâmica de interações e reflexões ocorridas no ciberespaço.
Convém destacar que, no cenário brasileiro, a nominação “Aprendizagem Aberta”, ainda é limitada de entendimento, sem grandes lastros de discussão tanto na academia quanto nos contextos educativos, até porque a convenção é trabalhar com o termo Educação Aberta, que, por sua vez, abarca os aspectos inerentes à Aprendizagem Aberta e, de fato, responde a muitos anseios educacionais da atualidade.
Dessa forma, o entendimento inicial de Aprendizagem Aberta que utilizaremos como marco se origina do projeto OpenLearn da Open University, do Reino Unido, idealizado na década de 1970, que tem por missão e filosofia propiciar a educação 90 acessível a todos, pela disponibilização de duas plataformas digitais, a Learningspace e a atual OpenLearnCreate. De acordo com Okada (2007), professora colaboradora do projeto, a Aprendizagem Aberta tem sido favorecida pelo avanço acelerado das tecnologias digitais interativas, pelo crescimento de recursos educacionais abertos na web e surgimento rápido de inúmeras comunidades virtuais de aprendizagem.
Para Litto e Mattar (2017), a Aprendizagem Aberta precisa ser concebida como uma prática ativa na qual o aluno não é reconhecido como absorvedor passivo de informações, mas interage ativamente com os recursos disponíveis, sendo que esses recursos, muitas vezes, estão presentes nos cursos on-line abertos.
Assim sendo, por meio de um estudo de Revisão Sistemática (RS), foi possível aprofundar nessa temática e levantar alguns pontos de atenção, como a ausência de discussões relativas à mediação no fenômeno da Aprendizagem Aberta. Aspecto substancial para se pensar e conceber a aprendizagem, tendo em vista a importância das relações e interações entre os sujeitos nesse processo.
Diante os resultados obtidos pela RS, tornou-se viável pensar e organizar uma conceituação para Aprendizagem Aberta, sendo: “Processos educativos organizados e mediados por cursos on-line e recursos educacionais abertos, nos quais o estudante tem ampla liberdade para participar, flexibilizar e personalizar sua aprendizagem, apreendendo conhecimentos, de modo a atender aos interesses próprios de formação e/ou capacitação, com vistas a sua qualificação.“
Essa proposição conceitual, converge em entendimentos comumente evidenciados nos artigos e literaturas, advindos do estudo da RS, mas com acréscimo da mediação na conjuntura conceitual da Aprendizagem Aberta, tendo em vista que os processos de aprendizagem, indubitavelmente, são estabelecidos por relações organizadas e mediadas, que reverberam no desenvolvimento das funções psicológicas “culturalmente organizadas e especificamente humanas” (VYGOTSKY).
Para saber +
Capítulo 2 – Aprendizagem Aberta: sobre contextos, definições e compreensões