Sempre que pensamos e discutimos questões relacionadas às tecnologias na educação, nos remetemos ao uso de dispositivos tecnológicos e todo o cabedal de recursos digitais como elementos relevantes para se otimizar os processos educativos, incrementar novas metodologias de ensino, desenvolver importantes estratégias educacionais, cujo objetivo paira sobre o melhoramento das práticas de ensinar e, conseguinte, de aprender.
Mas, a ideia de considerar a própria educação como uma tecnologia, e mais, uma tecnologia social é questão que merece maior reflexão!
A autora Maria Navarro nos fala que o sistema educativo é uma forma de tecnologia social cuja finalidade é dotar o indivíduo e as sociedades de uma poderosa ferramenta simbólica. Nesse contexto, o uso de tecnologias em si (dispositivos) amplia o potencial da educação como tecnologia social.
Então, é preciso distinguir as tecnologias que servem para fabricar objetos materiais e satisfazer qualquer necessidade, das tecnologias sociais cuja finalidade apoia-se na geração de ferramentas simbólicas que nos preparam e legitimam formas de organização política e social. (Navarro, 2011).
Educação como tecnologia social, carrega o entendimento de um movimento vivo e contínuo, que nos promove a autonomia e criticidade, que provoca novas reorganizações sociais pela própria mudança que é capaz de gerar em nossa vida e na sociedade em geral. Educação como tecnologia social é educação transformadora e libertária!
No viés tecnológico, mais específico, Navarro nos fala que temos ainda muitos desafios no sistema educativo, como o de romper com o entendimento falacioso da tecnologia como um arquétipo tão somente utilitário, um mero instrumento, para concebê-la como uma realidade que nasce através do sistema simbólico da nossa própria cultura.
Sendo assim, educação como tecnologia social, não é mera educação à serviço de uma engrenagem social posta, não é a educação da reprodução, mas a educação que favorece a emancipação do seu povo, ela é potência capaz de provocar significativas reestruturações políticos-sociais.
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