Recentemente, os cursos on-line passaram a fazer parte do cotidiano de pessoas que almejam formação e capacitação via internet. É perceptível, de modo ascendente, o aumento na oferta de cursos dessa natureza, que abarcam as mais distintas áreas do conhecimento.
Pensando na produção e oferta desses cursos pelas instituições educacionais, eles podem tanto oportunizar conhecimento técnico-científico aos estudantes, como capacitá-los de modo pontual em disciplinas ou conteúdos específicos. Os mesmos cursos podem ainda ser ofertados, também, para a sociedade em geral, por vezes de modo gratuito e sem exigência de critérios de seleção.
Conforme expõe Carmo (2018), os cursos on-line são realizados pela internet, mas se distinguem de outras formas de ensino-aprendizagem, como a Educação a Distância (EaD), por alguns aspectos, como o tipo de acesso, modelo pedagógico flexível, não se exige critérios de admissão, organização curricular ajustável e, ainda, podem valer-se do uso de recursos educacionais abertos.
Alguns autores utilizam a nominação e-learning, para fazer referência a cursos on-line, como parte de uma nova ecologia educativa, que tem contribuído para a reconceitualização do ensino e aprendizagem, como afirmam Monteiro e Moreira (2018). Outra abordagem de cursos on-line, que tem sido adotada pelo setor educacional, são os Cursos Online Abertos e Massivos (MOOCs – do inglês Massive Open Online Course).
Destinados a grandes contingentes de estudantes, os MOOCs se figuram, em alguns contextos, pela abertura nas práticas educativas, livre acesso às plataformas virtuais, aos materiais didáticos e, ainda, flexibilidade de tempo para o cumprimento das atividades. Cursos dessa natureza têm sido uma aposta entre universidades e instituições internacionais e nacionais, como é o caso da Open University, MIT – Massachusetts Institute of Technology; Harvard Online, USP – Universidade de São Paulo, Veduca, entre outras.
Para Carbonell (2016), os MOOCs podem ser compreendidos como uma modalidade de educação aberta, quando oferecem cursos gratuitos por plataformas via internet, o que representa a evolução da educação aberta na web e da aprendizagem fora da sala de aula. O autor (ibid.) afirma que esse tipo de curso aberto facilita o acesso a uma enorme quantidade de informação e conteúdos atualizados, e intenciona propiciar a igualdade de oportunidade ao conhecimento devido a sua disponibilização em ambiente on-line.
No entanto, é inegável a existência de algumas barreiras de aprendizagem provenientes dos cursos no formato MOOC. Conforme expressa Kennedy (2014), às altas taxas de desistência, advindas de problemáticas díspares, como a falta de habilidades tecnológicas, são impedimentos à aprendizagem; as habilidades linguísticas podem ser um impedimento quando as sessões de webconferência ou materiais são facilitados somente no idioma inglês; e, ainda, as limitações de tempo formam barreiras importantes para o pleno aprendizado via MOOC.
Para mais, Morozov (2018), coloca em questão o aspecto empresarial que acaba tomando conta desses cursos, como é o caso da Coursera, empresa fundada por um engenheiro sênior do Google, tornou-se líder no setor dos MOOC, a qual passou a utilizar biometria, reconhecimento facial e análise de velocidade de digitação como forma de confirmar a identidade de um aluno, mas que, no fundo, todo esse mecanismo age com a finalidade de coletar mais dados para influir em nossas decisões de consumo.
Dessa maneira, por mais que o discurso de abertura da aprendizagem, acesso livre e gratuito tenda a ser utilizado para conceituar os cursos MOOC, na prática, essa abordagem de cursos on-line ainda se assenta em preceitos mercadológicos, de vendas de certificados e restrição de uso e reuso de seus materiais, como sinaliza Morozov (2018).
Mas, esse cenário é atenuado ao considerar a oferta de cursos MOOCs por instituições públicas de ensino que, em grande medida, oportuniza a participação nos cursos sem qualquer cobrança de taxa. E ainda, oferece a certificação gratuita ao concluinte, minorado a lógica do lucro e vantagens, comumente associadas as grandes empresas do mercado digital.